“Ensina a criança no caminho em que deve
Andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” ( Pv 22.6)
Um
pai diz ao filho de 4 anos: “Se te baterem, bata também!”. Outro orgulha-se de
que o filho nunca leva desaforo para casa. Há ainda o pai não estimula o filho
a revidar, mas teme que este não consiga fazer-se respeitar, tornando-se
constante vitima dos colegas.
A
capacidade de mediar conflitos de forma adequada tem sido considerada condição
indispensável para o estabelecimento de boas relações interpessoais. Algumas
crianças apresentam mais dificuldade quando ao controle diante de conflitos;
entretanto, a capacidade de conter a impulsividade pode ser estimulada mesmo
nas crianças pequenas.
A
ira é um sentimento que precisa ter sua forma de expressão orientada. Ensinar a
criança a revidar, quando for vítima da agressividade dos colegas, torna-a
incompetente para resolver situações de conflito de forma eficaz, pois passa a
ter como único recurso a agressividade.
Quando são pequenas, o motivo pode ser a disputa por um brinquedo, a
perda em um jogo ou a ofensa verbal do colega. São coisas aparentemente
insignificantes, mas que merecem orientações dos adultos para que as crianças
desenvolvam as habilidades sociais de que necessitarão por toda a vida,
inclusive para resolver conflitos mais sérios com o passar do tempo.
O
exemplo dos adultos é uma forma pratica e muito eficiente para a aprendizagem
dessas habilidades pelas crianças. As formas como os pais lidam com conflitos é
modelo para seus filhos. O exemplo que provavelmente seguirão é a maneira como
a ira é tratada em casa.
Afinal , os filhos não verão muitas demonstrações corretas de
lidar com conflitos na sociedade nem na televisão, mas observam cuidadosamente
o que os pais costumam fazer quando entram em atrito com alguém.
Seguem algumas sugestões praticas para a
solução de conflitos que os pais podem desenvolver com seus filhos:
- Não
aceitar acessos de raiva como forma normal de reação. Muitos pais
acomodam-se diante do “gênio difícil” da criança e permitem que essas
reações se tornem habituais.
- Desenvolver
técnicas de relaxamento “de emergência” para se acalmar quando sentir que
está aponto de estourar. Há diversos artifícios moderadores do estado de
espírito que podem usar: ouvir musica, caminhar um pouco, praticar
esporte, brincar, ficar sozinho por um tempo, distrair-se. É preciso
examinar o que acalma seu filho e ensiná-lo a usar as táticas que o ajudem
a neutralizar a raiva, para depois conseguir resolver o problema. O meio
mais efetivo é primeiro esfriar psicologicamente e depois, de maneira
assertiva, construtiva, enfrentar a outra pessoa para acertar a desavença
com bom senso. Isso é aprendido e exige intervenções dos adultos,
especialmente no caso de crianças menores.
- Ensinar
as crianças a ver outros ângulos das situações conflitantes. Com o
caleidoscópio, é possível ver o mesmos elementos formados imagens
diferentes, dependendo de pequenos movimentos.
- Ajudar
os filhos a melhorarem a qualidade de comunicação nas discussões
violentas. “Palavrões” e ofensas devem ser substituídos por outras formas
de falar. As palavras duras fomentam a ira do outro, mas as palavras
brandas podem acalmar o adversário (Pv. 15.1). Se alguém acende um fósforo
e o outro espalha o combustível, a explosão certamente vira.
Há famílias que permitem, até, que os
filhos dirijam-se aos pais com palavras ofensas. Isso é bastante prejudicial,
pois, além de gerar um relacionamento desrespeitoso, a criança utilizará esse
modelo no trato com as outras pessoas adultas.
- Ensinar
a criança a reclamar do que não gosta sem ofender ou atacar a outra
pessoa. Expressar sua opinião a respeito do que os outros dizem ou fazem,
de forma assertiva, também pode ser ensinado.
Atacar o problema e
não as pessoas é uma capacidade que pode ser aprendida. A criança precisa
aprender a não dizer tudo o que lhe vem à cabeça, mas também a não se calar
quando não gostar de algo. Encontrar o modo certo de se expressar pode ser ensinado.
Não se pode confundir franqueza, sinceridade e espontaneidade com grosseria,
indelicadeza ou desrespeito.
- Ensinar
a criança fazer acordos diante de conflitos, sugerindo alternativas
práticas a serem usadas nas diferentes situações. Alguns pais, vez de
auxiliar os filhos indicando alternativas, tomam eles próprios atitudes
para resolver o problema com a outra criança envolvida no conflito. Certa
vez, uma mãe me disse: “Não deixo meus filhos brigarem. Quando começam a
discutir já interfiro e resolvo o problema”. Essa atitude pode tornar a
criança dependente do adulto e sem recursos próprios para solucionar seus
conflitos.
- Desenvolver
a tolerância, ou seja, o respeito, a aceitação e o apreço pelas
diversidades entre as pessoas. A tolerância é a harmonia na diferença.
Auxiliar as crianças a perceber, tolerar e respeitar as diferenças também
deve ser objeto de atenção dos pais que querem criar seus filhos com
habilidades sociais adequadas. A escola é um meio de proporcionar às
crianças a convivência com muitas diferenças. Isso pode ser enriquecedor
em termos sociais, se bem orientado.
- A
empatia é fundamental. Exercitar a criança a se colocar no lugar do outro
e imaginar como se sentiria é um recurso pratico a ser usado quantas vezes
for necessário. Perceber as respostas e insinuações do outro é uma
habilidade social fundamental. Isso ajudará a criança a notar quando o
colega não quer mais brincar ou está começando a ficar irritado. Crianças
com dificuldade nesse sentido provocam o outro ao extremo sem perceber a
hora de parar. Isso também merece atenção e ensino dos pais.
Portanto, pais, mãos
à obra. Há muito que fazer para ajudar seus filhos em seu desenvolvimento
social. Que Deus dê sabedoria para isso!
Roseli
Fernandes Lins Caldas
Psicóloga escolar
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